Compositor: Fabrizio De André
Estrelas, já do pôr-do-sol
Negando o céu em grupos
Luzes meticulosas
No ensinar-te a noite
Um asno para passos iguais
Companheiro do teu retorno
Escande a distância
Longo o morrer do dia
Aos teus olhos, o deserto
Uma extensão de segadura
Minúsculos fragmentos
Da fadiga da natureza
Os homens dessa areia
Têm perfis de assassinos
Trancados nos silêncios
De uma prisão sem confins
Odor de Jerusalém
A tua mão acaricia o desenho
De uma boneca magra
Entalhada na lenha
"A vestirás, Maria
Retornarás aqueles jogos
Deixaras quando os teus anos
Eram assim poucos."
E ela voou entre os teus braços
Como uma andorinha
E os seus dedos como lágrimas
Dos teus cílios à garganta
Sugeriram ao rosto
Uma vez ignorado
A ternura de um sorriso
Um afeto quase implorado
E o assombro nos teus olhos
Ascendeu das tuas mãos
Que vazias sobre as suas costas
Preencheram-se aos quadris
Da forma precisa
De uma vida recente
Daquele segredo que se revela
Quando cresce o ventre
E a ti, que procuravas o motivo
De um engano inexpresso do rosto
Ela propôs a inquieta recordação
Entre os restos de um sonho colhido